segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A odiosa suprema cobardia - por Nuno Serras Pereira

Não há cobardia maior do que advogar, legalizar, organizar, subsidiar e manutenir a matança de pessoas humanas na sua fase embrionária quer através daquela pseudocontracepção, que de facto funciona como abortiva precoce, quer por meio do aborto cirúrgico, quer pelo químico, quer pela selecção de embriões humanos, quer pela investigação letal nos mesmos, quer pela fecundação extra-corpórea, quer pela congelação concentracionária das nessas fases iniciais da sua existência, quer pela clonagem humana, “terapêutica” ou reprodutiva.

Afirmo categoricamente e sem hesitação alguma que a suprema cobardia consiste nesta dizimação, sem precedentes na história da humanidade, dessa multidão incontável de pessoas inocentíssimas, totalmente indefesas, e eminentemente frágeis e vulneráveis. Adianto com a mesma firmeza e segurança que esse acovardamento é maximamente odioso e deve ser detestado como extraordinariamente execrável e extremamente detestável.

O vício do ódio, pecado gravíssimo, consiste na rejeição do amor a Deus e ao próximo, o qual é claríssimo e manifesto no caso em apreço, pelo menos no que diz respeito ao segundo Mandamento. O ódio é o oposto do amor, sendo que este tem por objecto o bem e aquele, o mal.

S. Tomás ensina que o próximo se deve amar em Deus e consequentemente segundo a natureza e a Graça, e nunca na malícia do pecado. Adiantando que se deve odiar o pecado na pessoa mas não a própria pessoa. As suas palavras são luminosas: “ … o facto de odiarmos a culpa e a falta de bem nos irmãos deve-se ao amor que lhes temos. De facto, querer o bem de uma pessoa e odiar o seu mal é tudo o mesmo.” (I-II, q. 29, a. 3).

Mário Soares teve em 1984 a gravíssima e funestíssima responsabilidade de introduzir a legalização do aborto provocado, em Portugal, e de acentuar a sua pesadíssima culpa com o apoio à liberalização do mesmo em 2007. Passos Coelho militou igualmente em favor da liberalização e, agora, como primeiro-ministro, com um acovardamento singular, mantem, consolidando-as, todas as políticas que provocam a matança generalizada dos nossos preciosos e queridíssimos irmãos mínimos.

Realmente não sei se será fácil encontrar alguém mais caguinchas, para usar uma expressão que ouvia na minha meninice, do que estes personagens nem atitudes mais odientas. 

14. 01. 2013